Tornado em Angeiras (Matosinhos) 10 Janeiro 2016 02:20 UTC
Enquadramento sinóptico
10 jan 2016 – 00 UTC
Agradeço a: Susana Gonçalves e Serviço Municipal de Proteção Civil de Matosinhos pela informação resultante do trabalho de campo. A Paulo Pinto (Div MV, IPMA) pela contribuição para o estudo das imagens de radar.
Forte fluxo de oeste num sector quente com elevado conteúdo de água precipitável, em que se propagavam diversas linhas de instabilidade. Forte corrente de jato com orientação W – E.O índice de convecção profunda é significativo na região litoral norte de Portugal.
Na região litoral norte de Portugal os movimentos verticais ascendentes são muito fortes nos níveis baixos, a 850 e 700 hPa, sendo ainda intensos mas menos significativos a 500 hPa. A convergência de humidade e a advecção de temperatura nos níveis baixos é significativa assim como advecção de vorticidade na camada entre 850 e 500 hPa.
10 jan 2016 – 03 UTC
Tefigrama mostra atmosfera saturada e marginalmente instável da superfície à tropopausa, que se encontra a 460 hPa, a 6000 metros de altitude.
Forte wind shear nos níveis baixos. Não se verifica a existência de veering.
Observação satélite
02 UTC
Nas imagens de satélite observa-se a massa nebulosa associada ao sector quente.
NESDIS Operational Blended TPW Product
02 UTC
Observa-se um padrão consistente com o campo da agua precipitável total da análise ECMWF.
Observação radar
Produto indicador de posição plana gerado a 0º de elevação para o campo
RSV (velocidade Doppler em relação à tempestade)
As imagens das 01:36 e 02:26 UTC mostram perturbações de pequena escala espacial e com ciclos de vida relativamente curtos com caraterísticas consistentes com o diagnóstico de supercélula, que estão assinaladas com círculos.
Verifica-se que o número deste tipo de estruturas aumenta durante este período.
A estrutura que deu origem ao tornado não se distingue das restantes.
O wind shear calculado no local do radar na camada entre 1200 e 6000 metros é 0,003 s-1, valor já encontrado noutros casos de ocorrência de tornado.
Evolução da supercélula
Produto indicador de posição plana gerado a 0º de elevação para o campo da refletividade (Z), gerado em simultâneo com o rastreio de velocidade Doppler.
No campo da refletividade entre as 02:06 UTC e as 02:36 UTC é possível identificar a supercélula que deu origem ao tornado, assinalada com círculos, e observar a evolução.
Produto indicador de posição plana gerado a 0º de elevação, para o campo RSV (relative storm velocity – velocidade Doppler em relação à tempestade).
No campo do vento os círculos assinalam o padrão de rotação correspondente à supercélula que deu origem ao tornado,durante a sua evolução entre as 02:06 UTC e as 02:36 UTC
Corte no campo da refletividade, sobre o campo RSV (velocidade Doppler em relação à tempestade) na elevação mais baixa.
02:16 UTC 02:26 UTC
Os valores de refletividade elevados limitam-se aos níveis mais baixos.
Encontra-se valores significativos de refletividade numa grande extensão horizontal entre 6000 e 8000 m de altitude, acima do nível da tropopausa identificado no tefigrama.
Tornado em Angeiras, Matosinhos
10 jan 2016 – 02:20 UTC
Partem-se os vidros temperados da montra do bar junto à linha de água (a maré estava cheia). Há danos em cerca de 20 moradias e 8 explorações agrícolas, com telhados levantados, estores e vidros partidos, danos em caleiras e portões. Grande destruição no interior das casas.
Fonte: Serviço Municipal de Proteção Civil e órgãos de comunicação social |
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Percurso do Tornado Fonte: Serviço Municipal de Proteção Civil de Matosinhos
O tornado forma-se no mar, deslocando-se de oeste para leste num percurso com comprimento 1,7 Km sobre terra largura 40 m. Intensidade F0 /T1 Prejuízo estimado em 60 a 100 mil €. Não houve vítimas. |
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Local de ocorrência