Superfície frontal fria em dissipação

 

 

No dia 27 de janeiro, a Península Ibérica esteve sob a influência de um anticiclone, com diversos núcleos, que se estendia desde a região da Madeira em direção ao Mediterrâneo ocidental. Ao longo do dia, deslocou-se para sueste, enfraqueceu e uma superfície frontal fria aproximou-se da Galiza. Na figura 1, pode ver-se, para além da referida superfície frontal fria, uma outra em dissipação mais próxima de Portugal continental.

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Fig. 1 – Análise de superfície às 12UTC do dia 27 de janeiro de 2016. Fonte (UKMO).

A identificação de superfícies frontais, quer em altitude quer à superfície, efetua-se recorrendo a meios de observação (remota ou in-situ) e a informação de modelos numéricos. Um dos parâmetros dos modelos numéricos mais utilizado para identificar, à superfície, as zonas de separação de massas de ar com características termodinâmicas distintas é a pseudo-temperatura potencial do termómetro molhado ao nível 850hPa. Às 00UTC, do dia 28 janeiro, a carta de prognóstico da pseudo-temperatura potencial do termómetro molhado ao nível 850 hPa (Fig.2a) mostra sobre a Galiza uma superfície frontal fria onde o contraste entre a massa de ar polar (azul escuro) e a massa de ar tropical (verde/amarelo) é mais acentuado (linha preto cheio). Sobre Portugal continental, a frente fria em dissipação à superfície assinalada na figura 1 às 12UTC do dia 27, muito dificilmente se consegue identificar às 00UTC do dia 28, pois o contraste entre massas de ar deixou de existir. No entanto, é possível ainda identificar na região da Madeira e a nordeste do Continente a sua assinatura (linha preto tracejado). No nível 700 hPa, (Fig. 2b), cerca de 3000 m de altitude, o ar quente e húmido (amarelo) encontra-se sobre Portugal continental e pode identificar-se as zonas onde as superfícies frontais se encontram.

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A assinatura em altitude da superfície frontal fria em dissipação à superfície pode ver-se nas imagens RADAR na figura 3.

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Uma frente fria em dissipação à superfície pode, ou não, dar origem a precipitação. Quando ocorre é normalmente fraca. As estações do Continente registaram valores baixos de precipitação tanto às 00UTC como às 03UTC do dia 28, como pode ver-se na figura 4 assinalado a vermelho. Nas horas seguintes, a superfície frontal fria continuou a dar origem a precipitação fraca ao atravessar a região Sul. Ainda na figura 4 (direita) pode ver-se os registos de precipitação acumulada entre as 02 e as 03UTC, no Minho associada à aproximação da superfície frontal fria ativa.

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