Região Depressionária - 7 a 13 de maio de 2016

 

O estado do tempo em Portugal continental no período de 7 a 13 de maio de 2016 foi condicionado por uma depressão que teve a sua origem a sudoeste da Terra Nova no dia 3 de maio, deslocando-se para leste, e em fase de cavamento, até aproximar-se da península Ibérica no dia 7 onde apresentou um valor mínimo de 986 hPa às 06 UTC e novamente um valor de 985 hPa às 06UTC do dia 8. Esta depressão deu origem a uma região depressionária complexa, com várias linhas de instabilidade, e onde se formou um núcleo secundário no dia 9 às 18UTC, sendo que esta região permaneceu praticamente estacionária até ao dia 12, fazendo sentir-se ainda a sua influência no dia 13 de maio devido a um vale em altitude.

 

Na figura 1, apresenta-se a análise de superficie para o referido dia, onde se representam as linhas de igual pressão atmosférica referente ao nível médio do mar (isóbaras), a localização das superficies frontais (quentes, frias e oclusas) e os centros de acção (depressões ou anticiclones).

 

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Na figura 2 (a e b), apresenta-se um esquema com o caminho percorrido pela depressão durante as suas diferentes fases, com origem no dia 3 a sudoeste na Terra Nova (Canadá) até ao dia 11, data em que se aproximou da península Ibérica. Estão assinalados os dias (números a azul) à sua passagem, a localização aproximada da depressão (vermelho) e o trajecto (recta a verde).

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Na figura 3, apresenta-se uma imagem de satélite, produto denominado de massa de ar, para o dia 7 de maio às 12UTC, onde se observa uma região de intrusão de ar estratosférico (a vermelho) a oeste da península Ibérica, associada a um afundamento significativo da tropopausa (i.e. anomalia da vorticidade potencial) e ainda bandas de nebulosidade média e altas (a bege e branco) associadas à curvatura da depressão. Na figura 4, observa-se o núcleo secundário que se formou no dia 9 à 18UTC a sudoeste da península.

 

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Na figura 5, apresenta-se uma imagem de satélite, produto denominado de HRV, para o dia 8 de maio às 06UTC, onde se observam células de instabilidade associadas a várias bandas nebulosas (a branco) na circulação da depressão.

 

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Na figura 6, apresenta-se uma imagem do RADAR de Coruche, produto denominado MAXZ (Maximum Reflectivity Returns), para o dia 8 de maio às 05 UTC, onde se observam ecos de reflectividade que podem ter atingido 50 dBZ associados às células convectivas na passagem de uma linha de instabilidade. Na figura 7, apresenta-se uma imagem com o registo da localização de raios (pontos a vermelho) para o dia 8 de maio às 15:45 CET associados à respectivas células.

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Na figura 8, apresenta-se uma fotografia de uma inundação registada na cidade de Setúbal. Segundo fontes do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Setúbal foram registadas 37 ocorrências desde as 14:00 locais, nomeadamente 17 inundações em habitações, 9 quedas de árvores e 5 quedas de estruturas. A mesma fonte acrescentou ainda que se registou uma queda de cabos e foram efectuadas limpezas de vias, desentupimentos e o resgate de um rebanho de ovinos, na zona de Pinhal Novo.

 

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Neste período de 7 dias (7 a 13 de maio), de um modo geral em Portugal continental o céu apresentou períodos de muito nublado, por vezes muito nublado devido à passagem de várias linhas de instabilidade. O vento foi fraco a moderado do quadrante sul ou oeste associado à posição da referida região depressionária, soprando por vezes moderado a forte com rajadas até 80 km/h no litoral oeste e muito forte com rajadas até 120 km/h nas terras altas. Ocorreram períodos de chuva ou aguaceiros, por vezes fortes abrangendo praticamente todo o território continental, e que foram de neve acima de 1200 metros. Foram registados valores de precipitação elevados, em especial no distrito de Setúbal na ordem de 30 mm/h, e rajadas de vento em diversas estações meteorológicas automáticas do IPMA, que são apresentados na tabela 1.

 

Tabela 1 – Valores de precipitação máximos registados em 1 hora e rajadas de vento no período de 7 a 13 de maio.

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