Linha de instabilidade em ar quente no dia 25 de janeiro de 2016

 

O estado do tempo em Portugal continental foi condicionado pela aproximação e passagem de uma superfície frontal fria, associada a uma depressão centrada na Gronelândia, e de uma linha de instabilidade em ar quente. Ocorreram períodos de chuva, por vezes forte e acompanhada de trovoada até ao início da tarde (figura 1), passando a regime de aguaceiros.


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Fig. 1 – Descargas elétricas atmosféricas registadas entre as 3 e as 15 UTC do dia 25 de janeiro de 2016

 

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Fig. 2 – Compósito RGB Microfísica Dia das 12 UTC do dia 25 de janeiro de 2016.

Na figura 2 está identificada a linha de instabilidade sobre Portugal continental às 12 UTC. Esta linha de instabilidade em ar quente deu origem a precipitação forte de curta duração (cerca de uma hora), tendo, em algum momento, acumulado valores entre os 10 e os 15 mm/h em algumas estações meteorológicas das regiões Norte e Centro no período entre as 7 e as 12 UTC. Estes valores encontram-se dentro dos limites do aviso amarelo de precipitação definido pelo IPMA.

 

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Fig. 3 – Peso das componentes RGB no compósito RGB Microfísica Dia sobre a linha de instabilidade.

 

A figura 3 mostra o peso das componentes RGB na linha de instabilidade, apresentando: uma forte componente vermelha (R), que indica uma elevada espessura das nuvens; uma muito baixa componente verde (G), que pode indicar a presença de hidrometeoros na fase sólida ou de grande tamanho; uma componente azul (B) média/baixa, que indica uma altitude média/alta das nuvens. O facto da componente azul não ter um peso mais baixo, pode indicar que o peso verificado para a componente verde se deva a gotas de grande tamanho, ou a uma mistura de fases, ao invés da mera presença de gelo. Assim, através deste compósito RGB, pode-se interpretar que a linha de instabilidade era formada pela presença de nuvens frias, de elevada espessura, e compostas maioritariamente por gotas de água de grandes dimensões.