Identificação de uma "upper wave" através das imagens de satélite MSG

 

O estado do tempo no dia 19 de agosto de 2016 em Portugal continental foi condicionado pela aproximação e passagem de um sistema frontal com ocorrência de precipitação nas regiões Norte e Centro, sendo em geral fraca, e neblina ou nevoeiro matinal, sendo que ambas as situações estiveram associadas ao sector quente do referido sistema.

BC3.png

Figura 1 – Compósito RGB micro_nevoeiro_n do MSG às 20UTC do dia 19 de agosto de 2016 (fonte: servidor IPMA).

 

BC4.png

Figura 2 – Canal WV 6.2 do MSG às 20UTC do dia 19 de agosto de 2016 (fonte: servidor IPMA).

 

Na figura 1 pode-se identificar a superfície frontal fria, que se estende desde a região a norte da ilha da Madeira até à região de Lisboa (identificação pelas nuvens baixas – tons esbranquiçados) e prolongando-se até à região sul de França. Atrás da superfície frontal fria entre a Madeira e Lisboa, e sobre a superfície frontal fria entre Lisboa e a França, vêm-se nuvens em tons vermelhos/roxos indicando a presença de nuvens médias/altas.

Normalmente uma “upper wave” desloca-se rapidamente atrás da nebulosidade associada à superfície frontal. Neste caso a ondulação nos níveis altos está localizada na região à volta dos 41N15W.

Na figura 2 podemos ver tons esbranquiçados nessa região, o que corresponde à presença de vapor de água nos níveis altos da troposfera. Atrás da ondulação aparecem tons mais escuros, o que indica existir intrusão de ar seco proveniente da estratosfera, e esses tons também aparecem sobre a região da superfície frontal anteriormente identificada indicando não haver nebulosidade nos níveis altos.

 

BC5.png

Figura 3 – Compósito RGB Night Microphysics do MSG às 18UTC do dia 19 de agosto de 2016, sobreposto com a previsão do modelo ECMWF para o parâmetro frontal térmico (fonte: ePort).

 

BC6.png

Figura 4 – Canal WV 6.2 do MSG às 18UTC do dia 19 de agosto de 2016, sobreposto com a previsão do modelo ECMWF para os parâmetros da vorticidade potencial igual a 1.5 PVU, que representa a superfície da tropopausa dinâmica, e geopotencial aos 300 hPa (fonte: ePort).

 

Neste caso, a sobreposição dos parâmetros previstos pelo modelo sobre as imagens do MSG, ajuda na identificação da ondulação ao mesmo tempo que permite confirmar o bom desempenho do modelo. Na figura 3 o parâmetro frontal térmico indica a posição da superfície frontal fria, em consonância com a análise da figura 1. Na figura 4 identifica-se um vale depressionário pouco cavado aos 300 hPa e uma anomalia da vorticidade potencial nos níveis altos confirmando, também, a presença da ondulação.

Esta ondulação deu origem a um aumento de nebulosidade nas regiões Norte e Centro durante a tarde e a noite, mas sem ocorrência de precipitação.